quarta-feira, 4 de abril de 2012

Viver a Semana Santa...


A abertura da Semana Santa, a maior de todas as semanas para os cristãos,que com o Domingo de Ramos evoca a Entrada de Jesus em Jerusalém e sua Paixão. Vivemos a bênção dos ramos, que levaremos para casa num sinal de compromisso com aquele que aclamamos, participando da procissão da acolhida de Jesus como o Bendito que vem em nome do Senhor, que O aclamamos Rei e Senhor de nossas vidas, e da Missa refletindo sobre a sua Paixão. No acolhimento de sua Palavra, de sua pessoa redentora, nos tornaremos participantes de seu mistério. É preciso viver bem este tempo de graça por todos os que seguem Jesus, fazendo da própria vida a grande celebração ao Deus que nos criou e nos redimiu em Cristo. Esse é o dia ideal para celebrar a Jornada Diocesana da Juventude. Os jovens caminhando com Cristo. Durante a segunda, terça e quarta-feira, Jesus e seus discípulos preparam-se para celebrar a Páscoa. Jesus sabia muito bem que eram os últimos dias de sua vida. A Páscoa judaica converter-se-ia na Páscoa de Jesus; sua passagem da morte para a vida. Nesses três dias criamos o ambiente propício para a celebração do mistério pascal. Necessitamos de nos aproximar do Senhor. Por isso, a maneira de viver bem a Semana Santa é vivenciar os sacramentos. Aproximar-se dos sacramentos é viver a graça de Deus. Aquele que crê é chamado a participar de todas as celebrações da Semana Santa. Por isso, os feriados da Semana Santa proporcionam mais tempo para participar das celebrações especiais, que, por serem mais longas e em horários diferentes, devem contar com a nossa disposição em aproveitar cada instante para mergulhar no mistério da Páscoa. Geralmente, na quinta-feira santa, pela manhã, a Igreja reúne a comunidade diocesana: o Bispo, os Sacerdotes e fiéis. Na celebração eucarística são abençoados: o óleo para o Batismo, chamado óleo dos Catecúmenos; o óleo do Crisma, para o sacramento da crisma, ordenação sacerdotal e episcopal; e o óleo dos enfermos para o alívio das dores e o perdão dos pecados. O povo de Deus é convocado à unidade em torno de seus pastores. À tarde, celebramos, enquanto comunidade cristã, as três grandes dádivas que o Senhor deixou durante a última ceia: eucaristia, sacerdócio e mandamento do amor. É início doTríduo Pascal, dos acontecimentos do Mistério Pascal de Cristo. O que vos mando é que ameis uns aos outros e que sejam um. Aí Jesus tomou uma bacia e lavou os pés dos discípulos. Quem não aceita este modo não tem parte com Ele, ou seja, só é seu discípulo se fizer como Ele fez. E no sacramento da Eucaristia somos estimulados e animados a viver os frutos de sua paixão para chegar à ressurreição.A visita ao Santíssimo é uma expressão de fé no sacramento da eucaristia; por isso é feito em espírito de oração, numa atitude de respeito, amor e gratidão ao Senhor. Um local bem preparado para adoração dos fiéis ao Santíssimo e para conservar a Eucaristia para a celebração da Sexta-feira Santa. São retirados do altar todos os objetos e enfeites, ficando completamente despojado de tudo. O centro é Cristo no seu mistério de total abaixamento. Na sexta-feira santa não celebramos a Eucaristia. A comunidade cristã celebra a paixão e morte do Senhor como passagem necessária para a ressurreição.  A Igreja contempla Cristo, que morrendo, se oferece como vítima do Pai, para libertar toda a humanidade do pecado e da morte. Aos pés da Cruz, a Igreja em oração quer trazer as dores de toda a humanidade, para que o Sangue precioso de Cristo possa curar todos os males. A Cruz é sinal da vitória de Cristo. Não adoramos a madeira da Cruz, mas a pessoa de Cristo crucificado. O beijo na Cruz na Sexta-feira Santa será justamente a certeza de aceitarmos o Cristo, que deu a vida por nós, e aceitarmos as nossas cruzes iluminadas por Ele, sabendo que com Ele morreremos para com Ele ressuscitarmos.Viver a Semana Santa é, também, identificar-se com o mistério da cruz de Cristo. É importante participar da via-sacra, nesse dia, para acompanhar Jesus.  E ao comungar, unimo-nos a Jesus, que dá a vida por nós. O sábado santo é a passagem misteriosa da morte para a ressurreição. É o vazio de uma espera. Chegamos à celebração da Vigília Pascal. É a mãe de todas as celebrações da Igreja. Celebra-se a alegria da luz.  O Círio é símbolo de Cristo, que conduz o seu povo. Cristo é Palavra do Pai, luz do mundo. Ele está presente na palavra lida na comunidade. O Aleluia significa louvores a Deus. É o momento da explosão de alegria. Depois, pedimos a Cristo que infunda na água a força do Espírito Santo, para que quem nela for batizado seja sepultado na morte com Cristo e ressuscite com ele para a vida. E com a renovação das promessas batismais somos inseridos mais profundamente no mistério de Cristo Ressuscitado. A comunidade reunida em torno da Páscoa renova o mistério da imolação e glorificação de Cristo. Que a nossa participação nos leve a viver uma Santa Semana.

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de Guarabira(PB)

sábado, 24 de março de 2012

Novo recomeço


"...Os sofrimentos são oportunidades para recomeçar..."
O tempo da Quaresma, na prática do cristão, é como a chegada de uma nova vida. É um processo que chamamos de conversão, de transformação, transfiguração e de novo começo. Tudo isso acontece levando-se em conta a forma de vida de Jesus Cristo. É um caminho de vitória, mas que passa pelos compromissos da cruz.
Não é fácil entender o amor de Cristo na cruz, porque nossa cabeça é feita pelo mundo em que vivemos. A palavra “mundo” relativiza aquilo que é relacionado com a palavra “céu”. Deus amou o mundo dando-nos o próprio Filho para nos trazer as condições de vida digna. Isso aconteceu no Seu gesto de doação que culminou na cruz. Dizemos que o mundo é bom. Ele é a natureza onde Deus mora. Até dizemos que ele é bom e nós é que somos ruins. Nós é que o destruímos pelas estruturas perversas, por más administrações, pela corrupção de toda ordem, pela corrida ofegante pelo poder e a busca desenfreada de satisfações momentâneas.
Ter um novo nascimento é fazer acontecer a partilha e a fraternidade verdadeiras, participar da mesa comum fazendo a vontade de Deus “assim na terra como no céu”. Nesta dimensão, os sofrimentos nunca podem ser entendidos como castigo de Deus, mas sim condições de uma doação constante em busca de saúde e vida. Muitas de nossas práticas de hoje nos tornam impuros e indignos de participar do “Banquete do Senhor”. Deixamos que a injustiça nos domine e de ser fiéis aos princípios da vida, “fazendo como todo o mundo faz”. Neste contexto, as ações do cristão devem fazer a diferença no cumprimento da vontade de Deus.
Jesus fala em “nascer de novo”, que acontece na força da cruz. É uma questão de fé, porque quem não crer n'Ele, vai acreditar na força do dinheiro, do poder, do prestígio, da fama e da competição. Crer em Jesus é crer na cruz. O mundo da arrogância odeia a luz e a cruz, e perde o sentido verdadeiro da vida e da verdade.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba - MG